Juiz de Fora / MG - sexta-feira, 29 de março de 2024

Alopécia masculina - Calvície

A presença dos cabelos constitui, para muitos, a moldura do rosto representando uma importante função psicológica. A falta dos cabelos levando à alopecia androgenética (AGA) freqüentemente afeta a imagem corporal e a auto-estima dos pacientes que nos procuram por esse motivo, podendo gerar ansiedade e depressão, prejudicando a qualidade de vida que costuma ser proporcional a intensidade da alopecia. Embora saibamos que as mulheres são as mais susceptíveis à esses estados psicológicos, os homens também podem ser por eles afetados. Na atualidade, essas situações podem ser melhoradas com os tratamentos e procedimentos estéticos que a dermatologia e a cirurgia dermatológica nos oferece. Assim, concluímos quanto a importância em valorizarmos o impacto psicológico em portadores de AGA.

O diagnostico é clínico e facilmente diferenciado das alopecias que envolvem outras causas. Enquanto os homens têm predomínio no vértex e região bitemporal,,as mulheres apresentam preservação da linha frontal com rarefação no topo do couro cabeludo.

O mecanismo hormonal masculino envolve a testosterona (T)total - andrógeno secretado pelos testículos e adrenais- que, em sua forma livre(Tl), é metabolizada pela 5 α-redutase (5 α-R) no couro cabeludo, que a converte em DHT formando 5 α-DHT que se liga aos receptores androgênicos (Ra) formando o DHT-Ra. Penetrando no núcleo do folículo piloso(FP),une-se ao DNA, forma o RNA mensageiro,induzindo o RNA ribossomal às respostas dos receptores androgênicos celulares que produzirão a AAG. Existem duas isoenzimas5 α-R:a tipo I, principalmente presente na glândula sebácea, e a tipo II presente tanto na camada radicular externa como na papila dérmica. do FP, sendo esta também responsável pela produção da DHT dentro desse folículo. Os níveis basais de DHT e da enzima 5 α-R tipo II são mais elevados nos homens nas áreas afetadas pela calvície do que na região occipital, conseqüentemente não acometida.

Essa seqüência hormonal justifica a formação da calvície em homens com susceptibilidade geneticamente determinada,o que leva a uma distribuição dos receptores androgênicos e das enzimas que irão metabolizar esses hormônios no próprio couro cabeludo

Classificação clinica

 
Tratamentos atuais
Fundamentam-se nos conhecimentos da seqüência hormonal etiológica, procurando bloquear a conversão da T em DHT com inibidores da 5 α-R tipo II,podendo reverter e/ou estabilizar o processo de miniaturização. Embora isso seja um avanço terapêutico, não permite ainda a promessa de uma cura absoluta,o que leva a necessidade de tratar a médio ou longo prazo ou,em alguns casos, sugerir o procedimento cirúrgico de um transplante capilar.
As drogas mais utilizadas são a finasterida e o 17-alfa-estradiol. Ambas bloqueiam a ação da da 5 α-R tipo II que converte a Tlivre em DHT (o andrógeno mais potente), revertendo o processo de miniaturização em graus variáveis na dependência do tempo de inicio da calvície, da idade do paciente e do tipo evolutivo.
A finasterida,usada por via oral na dose de 1mg ao dia,teve seu emprego na AAG iniciado em 1986. Bloqueador androgênico, não tem afinidade pelos receptores.
O 17- α- Estradiol, enantiômetro do hormônio sexual feminino 17-β-estradiol, ao contrário deste,apresenta baixa afinidade pelos receptores de estrógeno e um mecanismo de ação inibitória da 5-α-R,levando a um aumento na proporção de fios anágenos na região fronto-parietal. É usado em solução a 0,025%, aplicada 1 vez ao dia.
Há também produtos menos recentes como o Minoxidil, vasodilatador da musculatura lisa arteriolar, usado originalmente no tratamento da hipertensão arterial.Na forma de sulfato de minoxidil, foi identificado como responsável pela estimulação do FP para o tratamento da AAG. Apresentado em solução tópica de 2%, porem é a 5% que tem demonstrado promover crescimento dos cabelos com maior eficácia.
Na calvície cronicamente instalada de tipo V a Vll, a melhor opção é o transplante capilar,procedimento cirúrgico avançado na atualidade,pelos resultados que se aproximam do natural quando realizado por profissionais habilitados.
Existem determinadas curiosidades como os mitos sobre a queda dos cabelos e que levam os pacientes a nos questionarem com perguntas do tipo: freqüência das lavagens,qual o melhor tipo de corte, qual é a influencia das atividades esportivas e da “caspa” (ou dermatite seborréica), se existe interferência da água do mar na diminuição da oleosidade e conseqüente ressecamento e fragilidade dos cabelos,quanto ao sol estimulando o crescimento dos fios e,finalmente ,a calvície,por ser induzida pela testosterona, confere a idéia de que os calvos têm maior potencia sexual do que nos não portadores de calvície. Esses questionamentos geram a necessidade de, com habilidade, sabermos responder e esclarecer que isso não corresponde a realidade da AAG.
Acreditamos que os aspectos futuros no tratamento da AAG envolvem os mecanismos que permitam agir nas células de linhagem folicular procurando:1)alterar a transcrição específica do DNA,2)a translação do RNA e 3)modificar a síntese das enzimas e dos receptores envolvidos no processo de miniaturização dos FP.